Sinto-me mal, a dor nas costas não me larga, uma sensação de vazio invade-me, uma tristeza imensa “abre-me” o peito como uma chaga que teima em “continuar a sangrar”…
Sinto-me só, mesmo no meio de uma multidão. Perdi afinidades, perdi oportunidades!
Fui ao médico…tentei saber o que se passava comigo…
Respondeu-me: “Está desprotegido, as suas defesas baixaram devido ao seu desânimo fruto do vazio imenso que diz sentir. Fechou-se na sua “própria concha”! “Precisa de conviver! Não se isole! Procure fomentar amizades, procure conversar com aqueles que lhe estão mais próximos, estabeleça afinidades!” Vai-se sentir melhor!”
Solidão
Conceito que se pode revestir de diversos significados:
“… Estado emocional de quem se acha ou se sente desacompanhado ou só…”
“…Sentimento no qual uma pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento.”
“Experiência desagradável que ocorre quando as relações sociais de um indivíduo são deficientes nalgum aspecto importante, quer quantitativa quer qualitativamente.”
Nem sempre o isolamento físico significa solidão, nem tão pouco o estar no meio de uma multidão significa a ausência desta.
Assim, solidão não será nunca apenas uma condição física, mas sim e sempre um estado emocional, um sentimento e está associada a um modo de estar e sentir.
O ambiente citadino, a situação sócio-económica e o ritmo acelerado em que vivemos, entre outros factores, tendem a gerar dinâmicas de relacionamento que apenas contemplam alguns, empurrando os menos resistentes para o isolamento social involuntário.
Também as nossas atitudes, demasiada intolerância ou fraca auto-estima, na relação com os demais condicionam, a qualidade das relações sociais que com eles estabelecemos, tornando-as por vezes insipientes ou deficientes.
Estas relações existem na maior parte das vezes, apenas “fisicamente”, sendo completamente desprovidas de afecto, de conteúdo, deixando-nos um sabor amargo a “estar só, sem ninguém com quem valha a pena partilhar algo”!
Todo o ser humano é por natureza social, tem uma necessidade intrínseca de contacto com os que o rodeiam e de dar e receber afecto. Todos gostamos de sentir o quanto somos e podemos ser significativos nos relacionamentos que estabelecemos.
Assim, mais do que a condição física de isolamento, é o estado emocional de solidão que nos pode conduzir inconscientemente a um sofrimento atroz que tem por vezes consequências desastrosas para a nossa saúde, podendo em última instância conduzir ao suicídio e à morte por doença terminal.
Este sentimento pode surgir em qualquer fase/momento da nossa vida, uma vez que, como já foi referido, inúmeros factores, desde a nossa atitude à sociedade em que vivemos, estão na sua génese.
É no entanto na meia e na terceira idade que mais tende a manifestar-se, apesar dos casos conhecidos em adolescentes e crianças, sendo que nestes, por vezes, só nos apercebemos da sua existência na fase terminal da sua eclosão!
O que pode fazer para evitar ou para refrear este sentimento?
Construa e esteja atento aos seus relacionamentos desde sempre! As grandes amizades vêm da escola primária mas, tal como uma flor/planta, para além de as cultivar, precisam que zele por elas e que se dê a elas.
Sempre que num relacionamento sentir que está a ter dificuldades de comunicação, fale abertamente sobre o assunto! Não se acomode ignorando-as e sentindo-se não correspondido nos seus sentimentos!
Não se isole! Mesmo que se sinta menos à vontade nas relações sociais, arrisque, vá dando pequenos passos que o façam ir ganhando confiança e à vontade, para manter o contacto e estabelecer laços com os seus pares.
Não tente ser superior a tudo e a todos! Não reaja com intolerância e autoritarismo! Há espaço e lugar para todos! Não afaste as pessoas de si! Todos precisamos de todos!
Partilhe sentimentos e saberes! Contrariamente ao que muitos pensam, a partilha permite-nos aumentar o nosso potencial, e faz-nos bem à alma! Fomente relações honestas e enriquecedoras!
Se vive sózinho, se já não tem família e/ou amigos porque a vida assim se encarregou, não se acomode a esse sentimento de solidão. Se pode mover-se, saia! Crie rotinas, vá ao café fale com as pessoas, crie novas amizades, tem tanto para dar e com certeza ainda muito para receber. Inscreva-se num clube, numa biblioteca, numa academia… Aproveite a hora do chá e organize periodicamente tertúlias. Se lhe for difícil mover-se, pegue num bom livro (grande companheiro!), depois de lê-lo discuta-o com alguém, por telefone e/ou por internet (existem grupos de discussão online), será sempre um bom tema de conversa!
Zele por si! Se sentir que uma sensação de vazio ou de isolamento “tomou conta de si”, não lhe ceda! Procure ajuda! Se for a uma lista telefónica, encontrará diversos números de apoio, não hesite. Utilize-os!
Não se acomode à Solidão, pela sua saúde!
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