No mundo actual, vivemos uma grande inversão de valores.
A riqueza fala mais alto que os sentimentos, a aparência passa por cima da essência e, por consequência, a vida torna-se um campo de batalha entre o ser e o parecer, desequilibrada pelo excesso de identificação com os bens materiais.
Sentimo-nos obrigados a viver tensos, priorizando a quantidade de tudo: informações, dinheiro, etc. "Tempo é dinheiro", aprendemos a ouvir desde a nossa infância.
Acordamos a pensar na hora de dormir e dormimos a pensar no momento de acordar. Vivemos exaustos, exasperados, desanimados. A depressão tornou-se a “coqueluche” da humanidade, a moda actual.
Corremos para não perdermos os compromissos, estamos sempre com a sensação de estarmos atrasados. Ao corrermos, não vemos o que está à nossa volta. Corremos demais, comemos demais, falamos demais, pensamos depressa demais, queremos demais e vivemos de menos, sentimos de menos, amamos de menos.
Não temos tempo, não queremos esforçarmo-nos muito, ou conseguimos tudo o que queremos sob o plano material e pensamos que somos afortunados ou não conseguimos e vivemos uma vida de insatisfação sem nos apercebermos que estamos vivos, vitimizando-nos, lamuriando-nos e “arrastando-nos” pela vida fora, sem nos apercebermos da riqueza imensa que está ao nosso alcance o nosso desenvolvimento como pessoas, o nosso aperfeiçoamento humano. Valores como família, respeito, ajuda, partilha, amizade, sinceridade, humildade, disponibilidade já não existem no nosso vocabulário ou porque não nos foram transmitidos ou porque simplesmente achamos que não temos “lugar” para eles.
Procuramos desenfreadamente a felicidade associando-a a bens materiais. Colocamos a ênfase na riqueza exterior, nos bens que apresentamos e ostentamos e que procuramos que marquem a nossa posição de superioridade.
Tendemos a fundamentar as nossas atitudes em crenças que nos afastam da natureza do ser humano e nos impelem para uma permanente situação de guerrilha com tudo e com todos, onde alguém terá de sair vencedor e dominar tudo e todos se quiser ser feliz.
Compramos bens materiais ao invés de investirmos no nosso crescimento pessoal. Tão diferente seria se percebessemos e aprendessemos a valorizarmo-nos mais e a valorizar os outros.
O tempo passa e nem nos apercebemos do potencial fantástico que temos em mãos: A verdadeira essência do nosso Eu!
Só com ela e através dela podemos investir em valores efémeros que nos diferenciam dos demais e contribuem para o nosso crescimento, bem estar e plenitude: a família, o amor, a amizade, a persistência, o respeito, a humildade, a sinceridade, a partilha e a solidariedade.
Quantas vezes só nos apercebemos do valor de uma verdadeira amizade, depois de a mesma já não existir?
Quantas vezes despertamos tarde para aqueles que estão e sempre estiveram ao nosso lado, acompanhando-nos nos melhores e piores momentos da nossa vida?
Quantas vezes não somos acometidos de um sentimento de revolta interior e arrependimento por andarmos tão absortos na “angariação” de valores materiais que não tivemos tempo de dizer o quanto amavamos a alguém querido que partiu sem que pudessemos estar presentes?
Quantas vezes procuramos compensar a falta de tempo e de afecto com bens materias?
Quantas vezes não vivemos frustrados pela pressão para comprar tudo o que é lançado, o que faz com que dinheiro nenhum seja suficiente para saciar nossos desejos?
Quantas vezes não corremos desenfreadamente em busca de bens materiais, para festejarmos eventos espirituais?
Quantas vezes a procura desmesurada por um status materialista não nos conduz a competições desenfreadas, onde vale tudo para alcançar o mesmo?
Queixamo-nos mais tarde, ficamos sós, perguntamos para onde foram os amigos e família.
Os valores materiais volatilizam-se no tempo, os valores humanos, familiares e espirituais são efémeros e contribuem para o nosso crescimento e valorização pessoal.
Nunca é tarde!
Comece hoje!
Seja um verdadeiro gestor dos valores da sua vida!
Não desperdiçe toda a sua energia para impressionar os outros, siga o seu caminho de plenitude.
Cultive e invista nas suas relações de amizade.
Os momentos festivos não implicam trocas de bens materias por isso invista no convívio com família, amigos e nas trocas de afecto.
A competição pode ser saudável quando é sustentada na vontade de desenvolver o nosso potencial, explorando o melhor que há em nós;
Seja honesto consigo e respeite os que o rodeiam.
Aprenda a escutar os outros e a desenvolver empatia.
Transmita, através do exemplo e da educação, aos seus filhos valores como: a família, o amor, a amizade, a persistência, o respeito, a humildade, a sinceridade, a partilha e a solidariedade.
Não se esqueça de reservar algum tempo na gestão da sua agenda para familiares e amigos.
Não tenha vergonha, nem se esqueça de dizer a todos os que lhe são queridos que os ama e que eles são importantes na sua vida.
Preocupe-se com o bem estar de familiares e amigos e faça-os realmente sentirem-se importantes proporcionando-lhes momentos de convívio agradáveis e inesquecíveis.
Saber amar, cultivar amizades, respeitar os demais, ser honesto e solidário não requer investimento material, necessita apenas da nossa capacidade de dar e receber afecto proporcionando-nos uma riqueza humana imensa capaz de fazer frente aos maiores obstáculos que possam aparecer na nossa vida.
22 de novembro de 2009
Liberte-se de valores materiais
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