Levo os sapatos azuis
ou os pretos? Faço um MBA ou uma especialização na minha área de formação? Faço
um depósito a prazo para poupar algum dinheiro ou aproveito e faço uma vida
desafogada gastando o que tenho?
Amanhã vou começar a
fazer desporto!
O tema deste artigo
interessa-me, por isso vou lê-lo!
A maioria das pessoas
acredita que é livre para escolher o que faz, desde o mais simples ao mais
complexo
Todos temos uma vida
pessoal, profissional e social e acreditamos que somos os autores da mesma!
Crescemos e somos
educados para sermos responsáveis pelas nossas acções e decisões ao longo da
vida, mesmo que sujeitos a constrangimentos da vida, que podem ir desde a
genética e educação, a factores diversos.
Acreditamos assim, que
temos livre-arbítrio nas escolhas
que fazemos e nas acções que
empreendemos ao longo da nossa vida.
Utilizamos a expressão livre-arbítrio
para designar a capacidade que o indivíduo tem para tomar decisões por
conta própria. Significa juízo livre, vontade e capacidade de escolha entre o
bem e o mal, entre o certo e o errado, conscientemente conhecidos.
Imagine como seria uma sociedade com pessoas sem controlo consciente
sobre as suas acções?
E o Mundo sem livre-arbítrio?
Acredito que neste momento as palavras que lhe ocorram sejam: caos,
impossível, jamais, “salve-se quem puder”, entre outras!
Surpreenda-se, a Neurociência, tem provado, através de diversos
estudos experimentais, a existência de actividade cerebral antes que a pessoa tenha
consciência do que vai fazer.
Começamos a preparar movimentos antes de sentirmos “vontade” de os fazermos.
O nosso cérebro decide o curso das acções, sabe o que vai ser feito, muito
antes de nós sabermos.
Recorrendo à ressonância magnética bem como a outro tipo de exames,
as investigações mais recentes, corroboram esta tese de que a actividade
cerebral precede e determina uma escolha consciente.
Uma decisão pode já ter sido feita pelo cérebro cerca de 5 a 10
segundos antes de tomarmos consciência do que vamos decidir!
A consciência é apenas uma “parte” do cérebro e há outros processos
cerebrais que tomam decisões antes dela. É possível que ela surja apenas para
contextualizar as situações e dar coerência às nossas acções no mundo!
Para Michael Gazzaniga, o pai da neurociência cognitiva, a nossa
mente é gerada pelo cérebro, que guiado pelo determinismo biológico define quem
somos.
A Neurociência demonstra-nos assim, que as escolhas que pensamos
fazer, expressão da nossa liberdade, são feitas sem o nosso controlo explícito.
Estaremos
assim tão iludidos?
Onde
fica a nossa liberdade e responsabilidade?
Afinal,
temos livre-arbítrio ou não?
Imagine a dita sociedade, descrita no início deste artigo, em que
seria fácil a qualquer um matar, roubar ou cometer qualquer outro crime,
desculpabilizando-se com “não fui eu, mas o meu cérebro que me mandou fazer
isso!”
Os próprios neurocientistas questionam-se e reconhecem como
estranha a ideia de um mundo sem livre-arbítrio e procuram conciliar a sua
teoria com a questão da responsabilidade pessoal.
Analisemos
os factos
Se pararmos para nos autoanalisarmos, verificamos que tomamos
muitas decisões sem “pensar”, inconsciente e involuntariamente. Um exemplo,
quem já não saiu de casa perfeitamente consciente do local para onde se
dirigia, entrou no carro, começa a conduzir e de repente apercebe-se que se
está a fazer um outro caminho diferente do previsto? Nesta situação o que faz?
Decide corrigir esse mesmo percurso e direccionar-se para o local pretendido. A
segunda decisão claro que foi aparentemente voluntária e consciente. Mas e a primeira?
Essa certamente que não.
Na realidade decisões simples que não impliquem complexidade de
escolhas podem frequentemente acontecer
antes da consciência ter conhecimento.
Quando se trata de decisões como aquelas que são essenciais para a
nossa vida, existe um leque de complexidade de escolhas que se reflete no
livre-arbítrio e não se reduz ao conhecimento existente da fisiologia cerebral.
Algumas poderão assim acontecer antes da consciência ter conhecimento mas
outras não.
A
temática do livre-arbítrio é demasiado abrangente para que se esgote nas
investigações que até à data temos conhecimento!
As
certezas:
Mesmo que o nosso cérebro já tenha decidido fazer comprar ou falar
temos sempre oportunidade e liberdade para voltar atrás, até ao último instante
e alterar essa decisão, desde que tomemos consciência do que estamos prestes a
fazer, temos livre-arbítrio para o
fazer.
As
escolhas que fazemos na vida são nossas, podem ser ou não conscientes, consoante
sejam fruto de uma análise consciente e racional de várias alternativas ou de
uma resposta emocional inconsciente, bem como de uma resposta automatizada, de
um hábito adquirido.
Esta tomada de consciência do que estamos prestes a fazer, mesmo
que no último instante, a liberdade para voltar atrás e decidir melhor são uma excelente
oportunidade para nos responsabilizarmos
conscientemente pelas nossas acções!
Desta
forma podemos afirmar que agimos com livre-arbítrio!
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