20 de dezembro de 2014

A Inveja, um sentimento negativo, um prazer oculto que leva ao ódio


 “Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um pirilampo. Ele fugia com medo da feroz predadora, mas esta não desistia.

Um dia, já sem forças o pirilampo parou e disse à cobra:

- Posso fazer-te 3 perguntas?

- Podes. Não costumo abrir esse precedente, mas já que te vou comer…, podes perguntar.

- Pertenço à tua cadeia alimentar?

- Não.

- Fiz-te alguma coisa?

- Não.

- Então porque é que me queres comer?

- Porque não suporto ver-te brilhar!!”

 
Existem pessoas, que fazem de tudo para não nos deixarem brilhar!

Maior parte das vezes, nem sabem porquê, mas sentem necessidade e prazer em fazê-lo.

Já se apercebeu de um (a) colega/amiga(o) que ambicionava ser igual a si, não por admiração, mas por necessidade de se apoderar do seu protagonismo?

E de um colega a quem ajudou, num momento em que este lhe solicitou, que vem mais tarde a apoderar-se do lugar, pelo qual durante tanto tempo lutou, apenas pelo prazer de o fazer perder o mesmo?

Falamos de inveja, um sentimento negativo de inferioridade e tristeza, que surge da comparação com os outros, quer seja do ponto de vista material, social, físico ou até moral e da tendência a supervalorizar o que estes têm e são, em detrimento do que possuímos e somos.

Este sentimento gera cobiça pela riqueza alheia, desejo em possuir os bens, atributos e qualidades dos outros, desenvolvendo um prazer oculto pelo seu mal-estar e sofrimento que conduz à raiva e ao ódio pelo outro e por tudo o que o seu bem-estar representa para nós.

Maior parte das vezes não se deseja exactamente o que o outro tem, mas deseja-se fervorosamente que ele não o tenha!

 
Somos todos invejosos?

A inveja, pode ser um sentimento momentâneo, algumas vezes até confundido com a admiração, ou ser um traço de carácter enraizado no início de vida.

 
Todos nós podemos, em determinado momento da nossa vida, ter olhado para algo ou para alguma característica de terceiros e a ter desejado.

O que se passou nesse momento?

 
Em situações como esta importa sempre analisar conscientemente o mecanismo que está por trás deste desejo.

Cobiça, raiva, por um lado, ou inspiração, respeito e vontade de criar condições para lá chegar, por outro? 

Na primeira situação falamos nitidamente em inveja, na segunda num sentimento completamente diferente, em admiração.

É natural termos ambição e vermos em determinadas características dos outros a materialização de características que também pretendemos desenvolver, não significa porém que estejamos com inveja destes apenas os consideramos uma fonte de inspiração para as ações que pretendemos empreender. Ficamos felizes com o seu sucesso e se podermos um dia também lá chegar, porque não?

Quando a inveja resulta de um traço de carácter está geralmente associada a uma baixa auto-estima. Estas pessoas, por desconhecerem e/ou não confiarem nas suas verdadeiras qualidades, supervalorizam os outros. Não acreditam em si e por isso não estão dispostos a lutar pelos seus objetivos com receio de fracassarem. Sentem-se mal com o sucesso dos outros, o qual gostariam de ter. Levam o tempo todo a desejar irracionalmente ter e ser como todos os que admiram, ao invés de valorizarem o que os torna únicos e traçarem um plano que lhes permita focarem-se em si e naqueles que são os seus objetivos.

A quem afecta mais a inveja?

A pessoa invejosa ou a pessoa invejada?

Nitidamente ao invejoso, pelo desgaste provocado pela raiva e ódio pelo bem-estar e sucesso dos outros.

O invejoso vive tão obcecado com o prazer de bloquear as oportunidades do outro que acaba bloqueando as suas e a sua própria vida.

Cultive admiração, controle a inveja:

J  Concentre-se em si, naquelas que são as suas reais necessidades e objectivos!

J  Deixe de se comparar com os outros, você é único, aceite e faça valer essa diferença!

J  Tem vontade de competir com alguém? Compita consigo, desafie os seus limites!

J  Admire os outros, um dia também eles o(a) admirarão!

J  Sente que não consegue controlar a inveja que permanentemente sente de tudo e de quase todos, mesmo os que lhe são mais próximos? Procure a ajuda de um profissional.

J  Treine o desapego





 

2 comentários:

  1. Grata Sandra pelo teu comentário! Adorei escrevê-lo pela importância que o tema tem. Remete-nos para a importância de aceitarmos e valorizarmos o facto de sermos únicos e diferentes, acreditando e confiando nas nossas capacidades para alcançarmos aqueles que são os nossos reais objectivos. Podemos sempre ver os outros como uma referência do que pretendemos alcançar e assim admirá-los, sem que isso signifique querermos a todo o custo competir com estes pelo prazer de os ultrapassar e pelo ódio que sentimos pelo seu bem estar. A maior e melhor competição que podemos fazer é connosco mesmo, desafiando aqueles que nos parecem ser os nossos limites.

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