Como reagiria se a situação descrita fosse verdadeira e o seu
colega de trabalho o encontrasse no corredor e lhe dissesse: “Ainda bem que te
encontro, quero mesmo falar contigo. O que é que te levou a ires contar ao
Artur, que eu ando com problemas familiares?”
1. “Sim é verdade, mas
permite-me que te explique o motivo.”
2. “Po…pois, bem hum.., hum…
talvez tenha dito qualquer coisa, mas…”
3. “E depois? Qual é o
teu problema?”
E se na realidade, não
tivesse nada a ver com esta situação, como reagiria?
1. “Isso não é verdade,
estás enganado.”
2. “Nnnão, não, a sério,
juro, eu não…”
3. “Ouve lá estás parvo
ou quê? Não fui eu!”
As palavras e frases que utilizamos, para além de extensões do nosso
pensamento, são verdadeiros alicerces com os quais vamos construindo a nossa
vida!
A forma como nos expressamos, bem como as palavras que utilizamos,
determinam o caráter das relações que estabelecemos com os demais, refletindo o
nosso modo de estar, pensar e agir perante eles e os acontecimentos da vida.
Falamos de competências sociais, e da sua importância na sociedade
atual, sobretudo sob o ponto de vista profissional.
Já ouviu falar em assertividade e/ou ser assertivo?
Se está inserido no universo empresarial é natural que sim,
tratam-se de “buzzwords”.
É provável até que já tenha frequentado alguns cursos sobre o tema!
Sabe na realidade o que significam?
O que é
a Assertividade?
É a capacidade social de afirmar os próprios direitos e expressar
clara, direta e honestamente sentimentos e opiniões, sem violar os direitos dos
outros. A capacidade de afirmar o seu Eu e a sua auto-estima. Associa-se,
normalmente a uma postura intermédia entre a passividade e a agressividade
Ser
Assertivo passa por se sentir à vontade em expressar pensamentos,
sentimentos e opiniões de maneira direta, clara, honesta e apropriada ao
contexto. Permite estabelecer com os outros relações baseadas na consciência
dos direitos e deveres de cada um, no respeito mútuo, na comunicação clara,
aberta e franca. Cria naturalmente empatia e confiança nas relações que se
processam de forma natural e espontânea.
O que
não é a assertividade?
A Passividade
Ex: Sentir-se envergonhado por manifestar a sua opinião; Não
conseguir dizer que “não” e aceitar todo o serviço, até o que não é seu.
Caracteriza-se por um forte sentimento de inferioridade que
condiciona todo o modo de estar e agir na relação com os outros. As relações
têm por base a submissão, o não manifestar de opiniões na presença de terceiros
com receio que estas possam não ser aceites ou sejam ridicularizadas. O tom de
voz é demasiado baixo, “para não incomodar” e evita-se o olhar. Por não ousar
dizer que não, o indivíduo depara-se com frequência com situações contrárias ao
seu modo de estar e pensar.
A Agressividade
Ex: Interromper os outros enquanto expressam a sua opinião;
Criticar os outros em público, ridicularizando os seus comportamentos.
Caracteriza-se por um falso sentimento de superioridade ou uma
máscara de um sentimento de insegurança e inferioridade que está na base do
modo de estar e agir na relação com os outros. Estas pessoas defendem em
excesso os seus direitos e interesses pessoais, únicos a preservar no
relacionamento, não tendo em conta os dos outros.
Falar alto, não dar espaço nem tempo aos outros para que manifestem
as suas ideias/opiniões intimidando-os com palavras e com uma postura
autoritária, são características evidentes do seu estilo de comunicação e
relações interpessoais.
Muitas vezes confundem esta manifestação dos seus direitos e
opiniões com a assertividade, mas esquecem-se da parte mais importante, o
respeito mútuo, a comunicação clara, aberta e franca!
Porque não
somos assertivos?
A verdade é que, tal como outros comportamentos ou competências,
não nascemos assertivos ou não assertivos, nem tão pouco herdamos esse
comportamento de alguém.
Fruto de padrões que vamos aprendendo, por imitação e reforço, ao
longo da nossa infância com todos os que nos rodeiam, tendemos a ser mais ou
menos assertivos. Estes padrões, contribuem para a edificação
da nossa auto-estima, bem como para muitas das crenças que formamos sobre os
resultados da nossa vida.
O que acontece?
- Não aprendemos a ser assertivos ou aprendemos de forma incorreta
Quem já não sentiu,
por exemplo, o “pesar” de algumas normas culturais transmitidas por terceiros,
tipo “é falta de educação recusar pedidos”. Recorda-se de ter sido
“recompensado” por a cumprir? E de ter sido “penalizado” por não a respeitar?
- Experiências anteriores, ao expressarmos ideias e/ou opiniões, vividas com ansiedade e frustração, condicionam o nosso pensamento e a nossa auto-estima
- A permanente comparação com os outros afeta a nossa auto-estima e o modo como nos posicionamos perante a vida e os acontecimentos
- O desconhecimento dos nossos direitos e deveres deixa-nos inseguros e/ou excessivamente à vontade nas relações
- Segundo
Albert Ellis (psicólogo), crenças irracionais que assumimos como nossas, limitam
e condicionam o nosso comportamento para com os outros, por exemplo: “Há
gente má e desprezível que deve ter o que merece.”
Assertivo, passivo ou agressivo?
Recorda-se dos exemplos iniciais?
Como caracterizaria cada uma das 3
respostas em cada caso?
A primeira é, em ambos os casos, uma resposta
assertiva, pressupõe confiança e respeito mútuos na base da relação. Denota uma
pessoa segura de si e das suas competências, que responde claramente e sem
receios à situação em questão, não lhe dando mais do que a importância devida.
A segunda é claramente uma resposta
passiva, denota insegurança e postura pouco à vontade, através das expressões
de hesitação utilizadas, em ambos os casos. Por não se sentir à vontade e
confiante das suas competências relacionais, o indivíduo tenderá a valorizar em
demasia o sucedido, permitindo que este acabe por afetar as suas interações ao
longo do dia.
A terceira, em ambos os casos, é uma resposta agressiva, que muito
embora denote confiança na sua posição, perante a situação em questão, não
contempla o respeito e direitos mútuos. A utilização de adjetivos dirigidos ao
outro, não pressupõe flexibilidade, nem empatia necessárias para analisar a
pertinência da questão por parte de quem a coloca.
Como
aprender a ser assertivo sem ser agressivo?
J
Conheça-se melhor! Identifique os seus valores, os seus
sentimentos, pensamentos e desejos. Tome nota também dos seus defeitos,
limitações e aceite-os
J Adote uma atitude mental positiva perante a vida e os seus
acontecimentos
J
Aprenda a confiar em si e no seu
potencial
J Estabeleça com os outros uma relação fundada na confiança e não na
dominação
J
Desenvolva a sua habilidade para escutar os outros
J
Aprenda a expressar os seus sentimentos e opiniões. Use frases na
1ª pessoa: eu penso, eu sinto, eu vejo… e um tom de voz firme e agradável
J
Adote uma linguagem positiva e clara e fluente
J
Identifique e respeite os interesses/necessidades dos outros
J
Seja genuíno na relação com os outros
J
Crie empatia
J
Seja construtivo(a) ao fazer uma crítica, comece por referir uma
característica positiva, faça referência à característica ou comportamento a
melhorar e termine com um reforço positivo de características positivas que
facilitam a assunção do comportamento a melhorar ou modificar (crítica em forma
de “sandwich”)
J
Aprenda a aceitar uma crítica e ofereça-se para mudar
J
Procure soluções que satisfaçam interesses/necessidades mútuas
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