Eis-nos chegados ao séc. XXI, uma civilização global e uma forma de viver desprovida de ética e de valores.
Milhares e milhares de pessoas vivem sem visão e não conseguem encontrar um significado para as suas vidas.
Só a mudança do paradigma desta forma de viver terá um poder transformador, gerador de crescimento pessoal e colectivo capaz de transmitir um sentido e um significado de vida.
A Inteligência espiritual
Durante muito tempo o conceito de inteligência humana esteve restrito à intelectualidade, difundiu-se a ideia do Quociente de Inteligência (Q.I.), uma espécie de organização neuronal que permite ao ser humano, pensar de uma forma lógica e racional.
Em 1995, Daniel Goleman apresentou o conceito de Inteligência Emocional ou Quociente Emocional (Q.E.). que capacita o ser humano a reconhecer os seus sentimentos, a lidar com as suas emoções, adequando-as às situações e colocando-as ao serviço de um objectivo. Ao reconhecermos as nossas emoções, passamos consequentemente a reconhecer as emoções dos outros e desenvolvemos relações interpessoais mais saudáveis.
Na década de 90, na sequência de inúmeras pesquisas foi identificada no cérebro humano, nas conexões neuronais dos lobos temporais, uma área que acciona a necessidade humana de procura do “sentido da vida”, um centro de crescimento e transformação que nos possibilita uma visão integrativa e contextual de onde estamos inseridos.
No início deste milénio a física e filósofa Dana Zohar e o psiquiatra Ian Marshal, lançam um livro “QS- Inteligência Espiritual” emergindo assim o conceito de Inteligência Espiritual ou Quociente Espiritual, uma inteligência que nos impulsiona e está associada à necessidade humana de ter um propósito de vida, respeitando os valores individuais e da sociedade.
É assim definida como a inteligência da ética e do valor.
O ser humano é por natureza um ser espiritual, um ser que procura entender e experimentar a conexão existente entre si e o mundo em que vive é um ser impulsionado pela necessidade de fazer perguntas fundamentais “Qual o significado da minha vida?”, “O que torna a vida digna de ser vivida?”.
A inteligência espiritual unifica, integra e transforma o que resulta da razão e da emoção, contribuindo assim, para a eficiência destas últimas.
Conseguimos melhores resultados nas dimensões emocional e intelectual pela prática da ética e dos valores.
A inteligência espiritual não tem conexão directa com a religião.
Direcciona-nos, quando temos dificuldades de escolha, quando nos encontramos presos a maus hábitos que nos prejudicam e/ou nos encontramos em sofrimento emocional. Permite-nos uma tomada de consciência capaz de analisar o origem dos problemas que enfrentamos e descobrirmos em nós mesmos a solução para estes.
Sermos espiritualmente inteligentes, reforça a nossa confiança, ajuda-nos a lidar melhor com a adversidade dá-nos uma visão holística do mundo, permite-nos viver uma vida plena de sentido e desenvolvermos todo o nosso potencial.
Este desenvolvimento acontece sempre que nos interrogamos e questionamos sobre o sentido e missão da nossa vida, sempre que nos sentimos impelidos para estarmos sempre a agir na procura de irmos mais além e de criarmos os nossos próprios desafios. Implica um alargamento de horizontes e conhecimentos em qualquer área de vida, contribuindo assim para uma maior autoconsciência e um maior autoconhecimento, que nos conduzem a uma atitude mais responsável pela vida, pelas decisões que tomamos e pelas suas repercussões no contexto envolvente.
Existe uma profunda relação entre a crise actual e o baixo desenvolvimento da inteligência espiritual colectiva onde imperam os valores materias em detrimento dos sociais éticos e espirituais.
Como desenvolver o seu Quociente Espiritual
Procure desenvolver a sua capacidade de autoanálise e de autoconhecimento.
Mergulhe na mais profunda intimidade do seu ser, as respostas que podem transformar a sua vida estão simplesmente no interior da sua mente.
Esteja aberto à mudança, faça uma reengenharia pessoal à sua postura de vida, aos seus hábitos a tudo o que o prende a um conformismo tentador, que o impede de se questionar sobre o sentido e a missão da sua vida e de adquirir novos conhecimentos.
Defina objectivos pessoais e profissionais para os próximos dias, meses, anos.
Não tenha medo de começar do zero, foque-se nos seus objectivos, no significado que estes têm para si e confie na sua capacidade para os alcançar.
Encare e utilize a adversidade a seu favor.
Comece a dar valor à diversidade.
Aprenda a colocar e a projectar a sua vida num contexto mais amplo que a “pequenês” do seu meio circundante e a desenvolver uma visão holística da sua vida.
Aproveite todas as oportunidades que lhe permitam desenvolver-se e tornar-se numa pessoa melhor do que ontem, do que hoje, ao invés de ser mais uma na multidão.
Só quando nos questionamos sobre o porquê da nossa existência e o significado da nossa vida, compreendemos a sua relação com o universo, descobrimos a riqueza e razão da mesma, desenvolvemos um sentimento de bem estar e de plenitude que nos permite desenvolver a grandeza do nosso potencial!
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