22 de novembro de 2009

Liberte-se de valores materiais

No mundo actual, vivemos uma grande inversão de valores.

A riqueza fala mais alto que os sentimentos, a aparência passa por cima da essência e, por consequência, a vida torna-se um campo de batalha entre o ser e o parecer, desequilibrada pelo excesso de identificação com os bens materiais.

Sentimo-nos obrigados a viver tensos, priorizando a quantidade de tudo: informações, dinheiro, etc. "Tempo é dinheiro", aprendemos a ouvir desde a nossa infância.

Acordamos a pensar na hora de dormir e dormimos a pensar no momento de acordar. Vivemos exaustos, exasperados, desanimados. A depressão tornou-se a “coqueluche” da humanidade, a moda actual.
Corremos para não perdermos os compromissos, estamos sempre com a sensação de estarmos atrasados. Ao corrermos, não vemos o que está à nossa volta. Corremos demais, comemos demais, falamos demais, pensamos depressa demais, queremos demais e vivemos de menos, sentimos de menos, amamos de menos.

Não temos tempo, não queremos esforçarmo-nos muito, ou conseguimos tudo o que queremos sob o plano material e pensamos que somos afortunados ou não conseguimos e vivemos uma vida de insatisfação sem nos apercebermos que estamos vivos, vitimizando-nos, lamuriando-nos e “arrastando-nos” pela vida fora, sem nos apercebermos da riqueza imensa que está ao nosso alcance o nosso desenvolvimento como pessoas, o nosso aperfeiçoamento humano. Valores como família, respeito, ajuda, partilha, amizade, sinceridade, humildade, disponibilidade já não existem no nosso vocabulário ou porque não nos foram transmitidos ou porque simplesmente achamos que não temos “lugar” para eles.

Procuramos desenfreadamente a felicidade associando-a a bens materiais. Colocamos a ênfase na riqueza exterior, nos bens que apresentamos e ostentamos e que procuramos que marquem a nossa posição de superioridade.

Tendemos a fundamentar as nossas atitudes em crenças que nos afastam da natureza do ser humano e nos impelem para uma permanente situação de guerrilha com tudo e com todos, onde alguém terá de sair vencedor e dominar tudo e todos se quiser ser feliz.

Compramos bens materiais ao invés de investirmos no nosso crescimento pessoal. Tão diferente seria se percebessemos e aprendessemos a valorizarmo-nos mais e a valorizar os outros.

O tempo passa e nem nos apercebemos do potencial fantástico que temos em mãos: A verdadeira essência do nosso Eu!

Só com ela e através dela podemos investir em valores efémeros que nos diferenciam dos demais e contribuem para o nosso crescimento, bem estar e plenitude: a família, o amor, a amizade, a persistência, o respeito, a humildade, a sinceridade, a partilha e a solidariedade.

Quantas vezes só nos apercebemos do valor de uma verdadeira amizade, depois de a mesma já não existir?

Quantas vezes despertamos tarde para aqueles que estão e sempre estiveram ao nosso lado, acompanhando-nos nos melhores e piores momentos da nossa vida?

Quantas vezes não somos acometidos de um sentimento de revolta interior e arrependimento por andarmos tão absortos na “angariação” de valores materiais que não tivemos tempo de dizer o quanto amavamos a alguém querido que partiu sem que pudessemos estar presentes?

Quantas vezes procuramos compensar a falta de tempo e de afecto com bens materias?

Quantas vezes não vivemos frustrados pela pressão para comprar tudo o que é lançado, o que faz com que dinheiro nenhum seja suficiente para saciar nossos desejos?

Quantas vezes não corremos desenfreadamente em busca de bens materiais, para festejarmos eventos espirituais?

Quantas vezes a procura desmesurada por um status materialista não nos conduz a competições desenfreadas, onde vale tudo para alcançar o mesmo?

Queixamo-nos mais tarde, ficamos sós, perguntamos para onde foram os amigos e família.

Os valores materiais volatilizam-se no tempo, os valores humanos, familiares e espirituais são efémeros e contribuem para o nosso crescimento e valorização pessoal.

Nunca é tarde!

Comece hoje!

Seja um verdadeiro gestor dos valores da sua vida!

Não desperdiçe toda a sua energia para impressionar os outros, siga o seu caminho de plenitude.

Cultive e invista nas suas relações de amizade.
Os momentos festivos não implicam trocas de bens materias por isso invista no convívio com família, amigos e nas trocas de afecto.

A competição pode ser saudável quando é sustentada na vontade de desenvolver o nosso potencial, explorando o melhor que há em nós;

Seja honesto consigo e respeite os que o rodeiam.

Aprenda a escutar os outros e a desenvolver empatia.

Transmita, através do exemplo e da educação, aos seus filhos valores como: a família, o amor, a amizade, a persistência, o respeito, a humildade, a sinceridade, a partilha e a solidariedade.

Não se esqueça de reservar algum tempo na gestão da sua agenda para familiares e amigos.

Não tenha vergonha, nem se esqueça de dizer a todos os que lhe são queridos que os ama e que eles são importantes na sua vida.

Preocupe-se com o bem estar de familiares e amigos e faça-os realmente sentirem-se importantes proporcionando-lhes momentos de convívio agradáveis e inesquecíveis.

Saber amar, cultivar amizades, respeitar os demais, ser honesto e solidário não requer investimento material, necessita apenas da nossa capacidade de dar e receber afecto proporcionando-nos uma riqueza humana imensa capaz de fazer frente aos maiores obstáculos que possam aparecer na nossa vida.

29 de outubro de 2009

O Valor dos Sentimentos

O ritmo acelerado em que vivemos quase não nos permite apercebermo-nos da verdadeira existência dos nossos sentimentos, isto é vivê-los de acordo com a sua importância e características.
Será que na realidade sabemos que eles existem e de que modo devemos lidar com os mesmos?

Define-se sentimento como um estado afectivo ou emocional. Um dos elementos da consciência. Uma disposição mental para actuar de certo modo em relação a um objecto ou uma pessoa. O regente primordial da acção do homem.

Os sentimentos são informações que todos seres biológicos são capazes de sentir nas diferentes situações que vivenciam, todo ser é dotado de sentimentos e eles são diferentes entre si.

Regra geral, tendemos a passar dos sentimentos para a acção, sem nos determos nestes, sem tomarmos consciência deles, nem tentarmos avaliá-los.

A função dos sentimentos é impulsionar-nos para a acção.
Assim, compreender os nossos sentimentos é compreender a nossa reacção ao mundo que nos rodeia.
Sem consciência do que significam os nossos sentimentos, não há uma real consciência de vida.


Tipos de Sentimentos

Existem sentimentos positivos e negativos.

Os sentimentos positivos proporcionam bem estar, trazem felicidade, criatividade e harmonia.

Alguns sentimentos positivos:

Alegria – expressa por sorrisos, contentamento, traduz-se em aceitação, ou seja, em aceitar quem de facto somos, possibilitando, assim até mesmo mudanças na nossa vida.

Afeição - sentimento de afecto, amizade e amor

Amor - O mais popular envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com algum objecto que seja capaz de receber este comportamento amoroso e alimentar as estimulações sensoriais e psicológicas necessárias para a sua manutenção e motivação.

Amizade - grande afeição, simpatia por alguém que não está necessariamente unido por parentesco ou relacionamento sexual.

Coragem - significa ter moral forte perante o perigo, os riscos; ser bravo, arrojado.

Felicidade - estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar.


Os sentimentos negativos consomem muita energia, condicionam o nosso comportamento e podem gerar sofrimento, solidão e depressão.

Alguns sentimentos negativos:

Culpa - sofrimento obtido após reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável por si mesmo. A base deste sentimento, do ponto de vista psicanalítico, é a frustração causada pela distância entre o que não fomos e a imagem daquilo que achamos que deveríamos ter sido.

Inveja - aversão ao que o outro tem e a própria pessoa não tem. Gera o desejo de ter exactamente o que a outra pessoa tem e de a tirar da pessoa, por forma a que esta fique sem ela.

Ódio - profunda antipatia , desgosto, aversão, inimizade ou repulsão contra uma pessoa, coisa, ou fenómeno, assim como o desejo de evitar, limitar ou destruir o seu objetivo.

Medo - proporciona um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto fisicamente como psicologicamente.

Tristeza - expressa desânimo ou frustração em relação a alguém ou algo. É o oposto de alegria.


Como lidamos com os nossos sentimentos

O modo como lidamos com os nossos sentimentos determina a forma como vivemos a vida, encaramos algumas adversidades e nos relacionamos com os outros. O modo como os interpretamos é a nossa fonte de equilíbrio ou desequilíbrio, de saúde ou de doença.

Os sentimentos podem ser disfarçados, negados, racionalizados, mas um sentimento doloroso não se retirará enquanto não o enfrentarmos, não o encararmos por forma a decidirmos qual o comportamento que melhor contribuirá para que ele desapareça sem traumas.

Se não aceitarmos os nossos “sentimentos negativos”, e não os enfrentarmos no momento adequado, estes tenderão a manifestar-se através de sintomas e até de doenças psicossomáticas.

Tomar consciência da existência destes “sentimentos negativos” em nós, num dado momento, vai-nos permitir lidar com eles de um modo mais coerente e sem traumas. Estes sentimentos não são eternos, normalmente são reacções a estímulos externos e se não os bloquearmos, irão expressar-se de um modo adequado e desaparecerão sem traumas.

As nossas crenças (muitas delas falsas), cultura e o modo de estar condicionam o modo como lidamos e enfrentamos estes nossos sentimentos. Em geral, assustamo-nos com a ideia de os enfrentarmos e libertarmos, preferindo carregar frustrações durante anos.

Do mesmo modo, quando se trata de expressarmos os nossos sentimentos positivos , os que nos trazem satisfação e bem estar, parece que agimos condicionados e refreamos a sua manifestação. Reprimirmos ou guardarmos um sentimento por medo de sermos rejeitados, é o mesmo que não permitirmos a nós próprios o direito de crescermos.

Tendemos a viver uma vida de acordo com o que importa e muitas vezes esquecemo-nos do mais importante para a plenitude da vida: Sermos honestos connosco.


Valorize os seus sentimentos:

Identifique e acolha os seus sentimentos: Procure perceber qual o sentimento que impele o seu comportamento, aceite-o, se não o fizer corre o risco de dar respostas inadequadas que lhe trarão frustrações. Quando identificados os sentimentos permitem–nos escolher respostas mais ajustadas e contribuem para uma vida mais plena e mais feliz.

Não negue ou “guarde para depois” sentimentos negativos: Os sentimentos são reacções a estímulos externos, e devem ser encarados de acordo com as situações que lhes deram origem. Negar um sentimento não vai fazer com que este desapareça, apenas contriburá para este se manifeste mais tarde de forma mais violenta ou então através de alguns sintomas físicos.

Compartilhe e demonstre sentimentos positivos: Se não o fizer não descobrirá novos caminhos de realização e crescimento pessoal, não se dará a conhecer aos que o rodeiam e não criará oportunidades para conhecer os outros.

Viva intensamente os sentimentos positivos: Prolongue até ao limite todo o bem estar que estes lhe proporcionam, não tenha vergonha de o fazer nem de o demonstrar. Estes sentimentos proporcionam-nos bem estar e harmonia, reforçam o nosso sistema imunitário e preparam-nos para enfrentarmos todos os outros.


Os sentimentos são expressão da essência do nosso ser.
Através deles nos revelamos.
Através deles nos expressamos

30 de setembro de 2009

Felicidade - Como se Constrói?


A procura da felicidade tornou-se um tema frequente na sociedade actual.
O que entendemos por felicidade e o que precisamos para sermos felizes?

Já Aristóteles, há mais de 2 mil anos, afirmava que a felicidade não é mais do
que a nossa capacidade de contemplação.
A felicidade depende assim, da forma como nos olhamos e como olhamos o
mundo à nossa volta.
Actualmente, segundo Daniel Gilbert, professor de psicologia da Universidade
de Harvard: “É difícil dizer o que é, mas sei quando eu a vejo. É simplesmente
sentir-se bem”.
Para Gilbert, não sendo uma sensação eterna, é um estado de êxtase,
daqueles que se atingem nos momentos de extremo prazer.
A felicidade está associada a emoções e sentimentos como o contentamento,
a satisfação, a alegria, o prazer, o júbilo, o amor e muitos outros. É um
estado com muito maior duração do que um simples sentimento de prazer que
origina um sentimento de alegria.
É o estado de uma consciência plenamente satisfeita.
A felicidade tem ainda o significado de bem-estar ou paz interna. O oposto da
felicidade é a tristeza.
Mas será que todos nós pensamos que devemos ser felizes? Será que a
felicidade é só para alguns? Ou ainda, será que ser feliz dá muito trabalho?
Ser vítima é bem mais fácil!
Somos um povo pouco habituado a conviver com aquilo que designamos por
um estado de bem estar imenso que desperte em nós sentimentos de alegria e
prazer.
O Fado (destino), assim se caracteriza a música portuguesa, descreve-nos
como um povo triste, ao sabor do destino, vítima das circunstâncias que a
vida lhe proporciona. Um povo sem determinação para tomar as rédeas da sua
vida e ousar ser feliz.
Vivemos agarrados a falsas crenças que limitam a nossa criatividade e
conduzem ao conformismo e acomodação.
Quantos de nós já não ouvimos a afirmação: “Com esta vida quem é que
consegue ser feliz”?
Será que eu não posso e não a devo mudar? Será que a vida é assim tão
“madrasta” como me a tentam transmitir? Será que se eu procurar em
primeiro lugar compreender porque a vida me corre deste jeito, não poderei
vir a encontrar uma solução? Porque devo ficar parado a lamentar-me como os
outros sempre fizeram? Porque não devo tentar encontrar-me, encontrar os
meus valores e lutar por eles? O que tenho a perder? Nada!
Só poderei vir a ganhar e… SER FELIZ!
Eles estavam enganados. A felicidade não depende dos outros nem do
exterior, mas apenas de mim próprio e da minha decisão querer ser feliz!

"Quase sempre a maior ou menor felicidade depende do grau da decisão de
ser feliz." (Abraham Lincoln)

Alguém escreveu a frase: “a vida é um sopro”.
De facto a vida é breve, deve ser vivida na sua plenitude, com “sabor”, com
emoção e felicidade.
Sim, todos merecemos e devemos ser felizes!
Todos nascemos felizes, mas por vezes, levamos anos a descobrir isso.
Tendemos com frequência a comprometer a nossa felicidade sobrepondo-lhe
necessidades imediatas que nos obrigam a fazer escolhas precipitadas e sem
respeito pelos nossos valores e normas de conduta.
Esquecemo-nos que é no bem estar e paz interior que podemos construir os
nossos momentos de felicidade. Começamos a sua construção no sentido
oposto, de fora para dentro e não conseguimos, regra geral, mais do que
pequenos prazeres imediatos que se desvanecem rapidamente.
A falta de objectivos claros e bem definidos conduz a nossa vida ao sabor da
maré, deixando-nos sempre na incerteza dos mesmos e sem a satisfação do
seu alcance.
Quando alcançamos determinado objectivo proposto, para a nossa vida,
vivenciamos um breve instante de felicidade.
“A felicidade ou a infelicidade de um homem não depende da quantidade de
propriedades ou ouro que ele possui. A felicidade ou a miséria residem na
alma de cada um”. (Demócrito 460 a.c. - 370 a.c.)
Se a felicidade está associada a sentimentos de alegria, prazer e amor sempre
que optamos por viver uma vida sofrida recheada de sentimentos de tristeza,
sofrimento, mágoa e dor entre outros, estamos a optar por não ser felizes e
por não perceber que é a nossa mente, a nossa atitude, que nos fazem
sentirmo-nos miseráveis.
A felicidade é uma opção de vida e depende essencialmente de nós.

Serotonina e Felicidade

De vez em quando, todos nós nos podemos sentir um pouco deprimidos, com
uma sensação de tristeza em relação à nossa vida, ao futuro e ao que nos
rodeia.
No entanto, quase sempre associamos essa infelicidade a um conjunto de
circunstâncias. Esta situação de depressão é transitória e melhora, quando as
atitudes mentais se alteram, alterando o modo de lidar com essas
circunstâncias da vida.
Contudo, muitas pessoas sofrem de depressão sem uma causa que possa ser
identificada. Este estado pode oscilar entre o sentir-se um pouco em baixo, ao
estar sempre infeliz e, em casos mais graves, à incapacidade de sentir
qualquer alegria na vida ou encontrar qualquer razão para viver.
Tudo aquilo que sentimos e em que pensamos resulta de impulsos nervosos no
cérebro, impulsos esses que ocorrem através de substâncias, conhecidas como
neurotransmissores
A serotonina, molécula do bem-estar ou da felicidade, como alguns a
denominam, é um desses neurotransmissores, está dentro de nós e corre por
todo o nosso organismo. Ajuda as diferentes partes do cérebro a comunicarem
entre si e a sua deficiência tem sido há muito associada à depressão, à
ansiedade e à ausência da sensação de bem estar. É um calmante natural do
sistema nervoso, dá a sensação de boa-disposição, ajuda a melhorar a memória, é um
analgésico natural e previne o aparecimento de problemas cardíacos. Estas funções
estão intimamente ligadas ao estímulo dos batimentos cardíacos, ao início do sono e
à luta contra a depressão.
Importa assim, estarmos atentos aos níveis de serotonina no nosso sangue.
Uma maneira de manter estes níveis elevados é através da alimentação.
Os alimentos não contêm esta substância no seu estado natural mas, através
de um aminoácido chamado triptofano, que é um precursor da serotonina, e
na presença de vitamina B6, verifica-se a conversão do triptofano em
serotonina, a responsável pela melhoria da disposição e do humor.
Importa assim fazer uma alimentação que forneça suficiente triptofano e
vitamina B6.
Como ?
O triptofano (aminoácido) existe nos alimentos ricos em proteínas como o
peru, a perdiz e o requeijão (estes 3 são fontes particularmente ricas) mas
também na carne magra em geral, no peixe, nos ovos, lacticínios magros e
leguminosas.
Determinados alimentos contêm vitamina B6 em maior quantidade, são eles as
carnes, peixe, ovos e o fígado, no entanto, os cereais integrais, amendoins,
batatas, couve lombarda, ervilhas e bananas apresentam ainda, quantidades
razoáveis.
Uma outra forma de preservar os seus níveis é através das horas de sono, uma
vez que esta substância é segregada durante o sono.
Importa assim dormir cerca de 8 horas por dia.
A prática regular de actividade física também contribui para a manutenção e
elevação dos níveis de serotonina no sangue.

Seja o arquitecto da sua felicidade (O que precisamos para ser felizes):

☺ Aprenda a enganar o seu cérebro sempre que se sentir triste: Os
pensamentos negativos ocupam, por vezes, a nossa mente,
especialmente em períodos de conflito e sofrimento.
Experimente substitui-los por pensamentos positivos!O seu
cérebro substituirá a mensagem e fará a leitura que você está
satisfeito libertando mais serotonina.
☺ Faça exercício regular, e esteja atento à sua alimentação:
Contribuirá para a manutenção dos seus níveis de serotonina.
☺ Aproveite todas as dificuldades para evoluir
☺ Apaixone-se por tudo o que faz e por aqueles que o rodeiam:
Diversos estudos provam que quando estamos apaixonados os
nossos níveis de serotonina aumentam.
☺ Não tenha medo de arriscar e ser feliz: Não se deixe influenciar
pelas falsas crenças que lhe tentam “impingir”.
☺ Persiga os seus objectivos/sonhos: Tome as rédeas da sua vida e
não deixe que seja ela a tomar as suas. Não inicie nenhuma
actividade sem a ter previamente planeado, só assim poderá
usufruir do prazer de a concretizar.
☺ Seja fiel aos seus valores.
☺ Não se esqueça de rir, ria-se de si mesmo, da vida: O riso
também contribui para um aumento dos níveis de serotonina no
sangue induzindo uma sensação de bem estar e conforto.
☺ Conceda a si mesmo pequenos momentos de prazer, mas não se
deixe desviar do caminho que traçou.

A felicidade está dentro de nós, só temos que a procurar bem!

22 de agosto de 2009

Será que a crise nos separa ou nos une?

Nunca a palavra “crise” se ouviu e teve tanta importância como nos últimos tempos.

O contexto sócio-económico em que vivemos está, na realidade, a atravessar um longo período de mudança e toda a mudança, acarreta sempre alguma instabilidade e desconforto durante o seu processo, até à aquisição definitiva de novos hábitos, rotinas.

Mas, porquê apelidar de “crise” este período? Porque não chamar-lhe simplesmente um período de reflexão, de renovação, de desafios, até de oportunidades?

Sim. Não me enganei, OPORTUNIDADES!

É em nomentos de “crise” que devemos estar abertos à mudança, é quando surgem as oportunidades que nos permitem impulsionar a nossa vida para a frente, evoluirmos, testarmos as nossas capacidades, enfim, redescobrirmo-nos e redescobrirmos os que nos rodeiam.

Quando fazemos sempre as mesmas coisas e agimos como se a mudança não existisse, estagnamos, podemos dizer que temos uma vida tranquila, mas a verdade é que não nos chegamos a aperceber da verdadeira essência da vida.

Assim, a mudança faz parte da nossa vida é o que nos permite crescer, progredir, criar, repensar os nossos objectivos e reajustar as estratégias para os alcançar. Enfim estímula-nos e desafia-nos a dar o melhor de nós.

Em que medida o processo de mudança que atravessamos e a instabilidade, que como já referimos está inerente a estes processos, afectam as nossas relações?

Será que a “crise” nos une ou separa?

Ao analisarmos esta temática é óbvio que não nos podemos abstrair do seu impacto sobre a nossa vida e sobre a vida dos que nos rodeiam.

Analisemos os factos:

A instabilidade profissional e financeira, reflectem-se no que para algumas pessoas se tornou sinónimo de poder e de felicidade: os bens materiais, a riqueza exterior que determina o estatuto social.

Quando crescemos e construimos o nosso futuro, mesmo que vivendo sózinhos, fundamentando as nossas atitudes em crenças materialistas, e tendendo a estabelecer relações de amizade, por vezes, belicosas, quase sempre com base no interesse, no lucro que delas possamos retirar, temos dificuldades em aceitar esta nova realidade que se nos depara.

Pensavamos que eramos afortunados e nunca nos apercebemos do quão volátil poderia ser a felicidade que pensavamos ter alcançado.

Que fazer então?
Como enfrentar e lidar com os outros quando, segundo os nossos padrões, perdemos as nossas referências de felicidade e poder (casa, automóvel topo de gama, roupa dos melhores estilistas…)
A tendência será para a revolta para a sensação de perda de batalha e desejo de vingança.
Ao invés da procura, do apoio da família, dos amigos, da amizade pura e sincera, da partilha, da humildade para falar de si e dos seus sentimentos, dificuldades, do pedido de ajuda, da solidariedade com os demais, evitamos ou tomamos atitudes sarcásticas que melindram, menosprezam e afastam aqueles que poderiam ser os nossos alicerces nesta fase em que deles tanto necessitamos.

Separamo-nos assim, de quem mais nos pode ajudar a ultrapassar a “crise”!


Do mesmo modo, se torna difícil para um casal que cresceu e que construiu a sua relação com base em conquistas materiais que vai alcançando e na riqueza exterior que vai acumulando, ao invés de uma relação com base no respeito, na ajuda, na partilha, na amizade, na sinceridade, na humildade e na disponibilidade, conseguir ultrapassar unido este novo período das suas vidas.

Senão vejamos:
Como aceitar a perda de estatuto social, a mudança para um apartamento mais pequeno, ainda que seja uma medida provisória, ou optar por refeições confeccionadas em casa, etc… sobretudo devido ao facto de um ou de ambos os cônjuges terem ficado sem os seus empregos?
A tendência será para acusações mútuas, para descarregar no parceiro a frustação sentida pela perda de “condições de vida”.
A insatisfação e a contrariedade invadem as suas vidas e a vitimização ou o ataque monopolizam as energias de cada um ao invés de as canalizar para o encontro de soluções que contribuam para, em conjunto, encontrarem uma saída para o momento que atravessam.

O casal tende a separar-se!


Mas a “crise” também pode ser positiva, também nos pode dar oportunidades até aí desconhecidas.

Felizmente a “crise” também nos une!

Como?

A família, os amigos e todos aqueles que partilham connosco os caminhos da vida são os nossos portos de abrigo nos momentos de maior turbulência.

Quem não recorda com carinho e afecto os fins de semana em família, os almoços em casa de amigos, as conversas no café do bairro, tudo isto numa fase em que, ainda muito jovens, procuravamos o rumo a dar à nossa vida.

A verdadeira riqueza está, na realidade, ao alcance de todos - “a riqueza humana”.
O amor, a amizade, a persistência, o acreditar em nós e nos outros e a vontade permanente de nos desenvolvermos, é tudo o que necessitamos para a alcançar.

Por isso, quando estruturamos o futuro acreditando em nós próprios, na nossa força, no poder do nosso querer, e valorizando o que temos de melhor, os amigos, a família, encaramos com tranquilidade e optimismo os desafios que nos surgem. Aceitamos com humildade a ajuda, o apoio dos que nos estão mais próximos e com eles conseguimos crescer.

Quando o casal constrói a sua relação com base no amor, respeito, honestidade, comunicação, cumplicidade e amizade profunda, acreditando em si e no seu parceiro(a) reforça permanentemente a sua união e adquire uma estrutura e um saber capazes de ultrapassar qualquer situação com que se depare.
Perante as dificuldades acreditará que irá conseguir ultrapassá-las e tenderá a fazer da união a sua força.
Não existem vítimas nem culpados, o(a) companheiro(a) é a pessoa com a qual em conjunto têm e podem encontrar a solução.

A instabilidade profissional e financeira contribuirá para quebrar rotinas, redescobrir novas formas de estar e de encarar a vida familiar, redefinir prioridades e reforçar a união.

A “crise” pode ser positiva na medida em que nos faz parar o ritmo de vida alucinante que levamos e nos vai permitir dar valor às coisas simples da vida.

Não fique de braços cruzados, tire proveito da “crise”:

- Não menospreze os que estão à sua volta.

- Valorize a sua família e amigos, recupere o tempo “perdido”.

- Confie no seu parceiro(a), lembre-se que estão no mesmo barco com um objectivo comum: vencer a tormenta.

- Mantenha sempre viva a chama do amor e da amizade.

- Valorize-se permanentemente, nunca sabemos tudo e rapidamente ficamos desactualizados.

- Acredite em si, no seu potencial, no seu querer e na sua força para vencer.

- Redefina as sua prioridades e objectivos.

- Aproveite os tempos de mudança e de crise para se superar, redescobrir, arrisque novas práticas, comece novas actividades.

- Aproveite para se actualizar, faça as leituras que há tanto tinha prometido para si mesmo.

- Não se detenha, o ser humano pode ir muito mais além do que os limites da sua consciência lhe permitem perceber.


“Quem supera a crise, supera-se a si mesmo sem ficar superado”. Albert Einstein

8 de julho de 2009

Beleza Interior

Corpo perfeito, medidas standard, esteriótipos de beleza, os mídia assaltam-nos com programas, debates, entrevistas onde a aparência física é factor determinante para se ser bem sucedido e onde se repetem histórias de busca incessante de um padrão de beleza sinónimo de felicidade e bem estar social.

Será que a beleza conta? Será que gostamos de ser apreciados e admirados? Será que para nós é importante sentirmo-nos bem com a nossa aparência?

Se a beleza conta, claro que sim. Todos procuramos encontrar harmonia, sentido estético, faz parte da natureza humana. Não significa contudo que exista um padrão a seguir para estar em conformidade com os outros, mas sim a procura de um bem estar pessoal.

Quanto ao gostarmos de ser apreciados e admirados, quem é que não se sente bem quando recebe um elogio? São os nossos “toques” de auto estima, as nossas necessidades de reconhecimento, de sabermos que não somos indiferentes aos demais.

Na realidade todos nós procuramos sentirmo-nos melhor connosco, por isso, de uma forma fácil, vamos atrás do que nos prometem proporcionar uma melhor aparência, pensando aí encontrar a felicidade e a auto estima perdidas.

Não é que não nos devamos preocupar com a nossa aparência e cuidarmos do nosso corpo, nem tão pouco que este não tenha significado para nós, apenas não o devemos fazer em um só sentido nem partindo de uma direcção errada.

A harmonia do corpo começa de dentro para fora e não de fora para dentro como tendemos a actuar e é trabalhando, cuidando da nossa beleza interior que iremos encontrar a tão desejada paz, felicidade, saúde e bem estar porque tanto ansiamos.

Não é somente a beleza física que atrai, surpreende e encanta, mas também a beleza interior.

Mas afinal o que significa beleza interior?

O mais importante e o que nos permite ter e manter a nossa aparência exterior é a verdadeira essência do nosso ser.

A beleza interior tem um poder imensurável, pois além de intemporal, reforça e transmite um brilho inigualável à beleza exterior.

Quando nos despimos de atitudes materialistas e de ostentação, actuando de acordo com os nossos valores, dando o melhor de nós, respeitando os outros e estando disponíveis para eles, tornamo-nos poderosos detentores de uma beleza imensa que nos enche de luz e brilho.

Este é o ponto de partida para quem procura a beleza.

Como podemos alcançá-la? Será que existem Liftings, plásticas e afins?

Não, de todo!

O amor, a amizade, a partilha, a sinceridade, a humildade, o acreditar em nós e nos outros e uma vontade permanente de aprender e nos desenvolvermos como humanos que somos, são tudo o que necessitamos para alcançar uma beleza efémera.

Não existem receitas, para a nossa beleza interior, mas:

- Sorria. Sorria sempre, a sua expressão ilumina-se, os outros não lhe irão resistir.

- Pense positivo. O seu corpo vai-lhe agradecer. Não se esqueça que ele é espelho do seu estado de espírito. Quando somos e pensamos positivo, agimos em conformidade e o nosso corpo “sorri”, mantem um ar saudável e está mais defeso de problemas.

- Acredite mais em si e no seu potencial. Quando estamos seguros de nós transparecemos uma imagem confiante, um olhar sereno e um à vontade de uma beleza rara.

- Aja em conformidade com os seus valores. Assim obterá equilíbrio que se traduzirá numa expressão serena, confiante e num imenso bem estar.

- Aprenda a lidar com os seus erros, não caia no papel do infeliz, da vítima. As pessoas que têm capacidade para se levantarem depois das “quedas” e aprenderem com elas são vistas pelos outros com respeito e admiração.

- Procure primeiro compreender os outros e depois ser compreendido. Quando escutamos primeiro os outros com a intenção de os comprender ao invés de nos preocuparmos tanto em falar e dar respostas, melhoramos a comunicação e consolidamos as relações.

- Esteja disponível para ajudar os outros. Quando nos preocupamos e nos disponibilizamos para ajudar os outros estamos menos virados para o “nosso centro do mundo”, aprendemos a minimizar alguns dos nossos problemas, vitimizamo-nos menos, tornamo-nos mais alegres e interessantes.

- Seja gentil, leal e cumpra as suas promessas. Deste modo aumenta a confiança nas relações.

- Esteja sempre disponível para aprender. Só assim poderá evoluir e melhorar. É o melhor exercício que pode fazer para exercitar a sua memória.

- Exercite a sua mente, leia muito. Usufruirá de uma infinidade de sensações e experiências fantásticas que se traduzirão numa aura de bem estar e serenitude.

- Procure aplicar algumas técnicas de descontracção. A sua mente e corpo sentir-se-ão rejuvenescidos.

- Não se esqueça Ria. Ria muito, muito. É a melhor terapia para os seus problemas. O riso é contangiante, induz-nos uma sensação de bem estar e leveza. As pessoas alegres e divertidas têm menos stress, gozam de boa disposição e são atraentes.


O MAIS IMPORTANTE…

Quando nos aceitamos e estamos bem connosco, sabemos para onde queremos e para onde não queremos ir, construimos os nossos próprios padrões e é atrás desses que corremos, seguros do que realmente procuramos.

A beleza interior não tem idade e estamos sempre a tempo de a conquistar!

3 de abril de 2009

E se o Querer for Poder?

Às vezes pergunto-me para onde foram toda a nossa determinação, vontade e força de vencer dos tempos de criança? Tudo se resumia ao facto de nos bastar querer para estarmos a um passo de acontecer.

Vamos crescendo e interiorizando diversos factores: cultura, sociabilização, padrões de referência, conduta parental, entre outros e sem percebermos vamo-nos esquecendo, do que nos impelia, do que nos movia, perdemo-nos numa infinidade de solicitações, esquecendo-nos do nosso caminho.

Tornamo-nos adultos “bamboleantes” ao sabor dos acontecimentos, ou porque achamos que devemos funcionar sempre de acordo com as normas incutidas, ou porque os acontecimentos de vida nos condicionam. Esquecemo-nos para onde iamos e perante pequenos obstáculos temos grandes dificuldades em contorná-los.

Também a nossa atitude cómoda de acharmos que não somos nós, que algo ou alguém nos impeliu para esta vida que temos, para este infortúnio (assim lhe chamamos em jeito de vitimização) que passamos, nos “ajuda” a continuar o nosso caminho bamboleante ao sabor dos acontecimentos, uns dias melhores, outros nem por isso.

Procuramos, desesperados no exterior, nos outros as respostas para a nossa insatisfação, os nossos “infortúnios”, a nossa vidinha (como a apelidamos), esquecendo-nos de um pequeno mas Grande pormenor: Somos os únicos que podemos e sabemos como conduzir a nossa vida. As respostas que tanto procuramos, a força que tanto desejamos que alguém nos dê, o melhor caminho para os nossos objectivos/sonhos e a felicidade que dizemos estar “por trás do arco íris” estão simplesmente em nós, dependendo do nosso crer, do nosso querer e da nossa força de vontade.

Quando Queremos e Cremos muito alcançar determinado objectivo, porque ele é importante para nós, nada nem ninguém vai conseguir impedir-nos de o alcançarmos e os obstáculos com que nos possamos deparar, todos eles se irão transformar em alicerces firmes no caminho para o mesmo.

E que mais não é o Poder senão sabermos que conseguimos alcançar o que mais desejamos?

O Poder está tão simplesmente em nós e nas perguntas sinceras e fundamentais: O que é que EU quero? Porque é tão importante para mim?
O que é que tudo o que EU fiz até hoje representa na relação com esse meu Querer? O que é que EU posso e/ou devo passar a fazer?

20 de março de 2009

Ricardo e Sofia / A Força da Espiritualidade

Desde tenra idade Ricardo aprendeu que sem dinheiro nada se faz e a vida não tem sentido. Para ele dinheiro é vida e felicidade plena.
Cresceu numa família com poucos recursos financeiros, pobre em afectos, onde sempre imperou o papel de vítima da sociedade.
A sua adolescência foi marcada pela super protecção da mãe e a agressividade e autoritarismo do pai.
Ricardo nunca percebeu como estar perante as situações que eram sempre vividas com ansiedade, sofrimento, vistas como uma guerra e nunca como um desafio, uma oportunidade para melhorar e crescer.
Desde cedo, copiou este papel e fez deste o seu modo de estar perante a vida.

Sofia sempre acreditou que com amor, querer e dedicação tudo poderia estar ao seu alcance, sempre disse: “Se quero, consigo!” e defendeu perante os que “corriam” atrás da felicidade: “A felicidade vem de dentro e não do exterior”.
Para ela, tudo sempre teve solução e sempre defendeu que se os momentos bons não são eternos, os menos bons também não o são e no fundo é essa alternância de momentos e estados que nos impulsiona a agir e tanto nos ensina.
Sofia cresceu numa família também ela pobre em recursos económicos, mas recheada de afectos e de força de vontade.
Desde muito cedo os pais de Sofia lhe fizeram ver que não possuiam grandes “dotes financeiros”, mas que o seu amor, força de vontade e trabalho eram fortes e tudo ultrapassariam. De todas as dificuldades vividas sempre retiraram ensinamentos de vida.

Ricardo conheceu Sofia, durante a sua adolescência, no liceu, foram colegas de turma, tornaram-se amigos. Ricardo não tinha muitos amigos e Sofia era um ombro onde podia desabafar os seus “infortúnios” e lamentar não ter todo o dinheiro do mundo para “viver sem preocupações”, como era seu hábito dizer. Sofia tinha sempre um sorriso, uma palavra de esperança para o consolar, mas frequentemente o questionava:
“Ricardo, tu para além de vires a ter muito dinheiro, com o que é que tu sonhas?”
Ao que Ricardo respondia sempre contrafeito:
“Lá estás tu outra vez, com o que é que achas que eu devo sonhar? Eu não tenho vontade nem tempo para sonhos, tenho é que fazer um curso e arranjar um emprego onde ganhe bastante para viver desafogado e comprar tudo o que me apetecer.”
Sofia ainda retorquia:
“E no meio de tudo isso, que lugar têm os teus amigos, a tua família, que tempo vais ter para lhes dedicar? Nunca pensas neles? Não sonhas com eles, em partilhares momentos, em criares também tu uma família, teres filhos…?”
“Filhos? Nunca!” – Afirmava Ricardo com veemência, encarniçando-se com a manifestação das suas convicções.- “São um dor de cabeça, nunca estão quietos e dão uma despesa imensa!”
Sofia não insistia pois via que Ricardo estava determinado a “validar” sempre as suas crenças, reforçando-as com atitudes prepotentes e repelentes de amizades sinceras. Muitas vezes dava consigo a pensar: “Como pode ser assim? Acredito que por trás existe um ser mais flexível e humano, nunca vou desistir da nossa amizade, mesmo diante das suas “crises” de prepotência, serei mais forte e resistente do que elas.”

Os anos foram passando e no final do 12º ano, Sofia consegue colocação num curso de Ciências Humanas e Ricardo em Economia.
Sofia organizou um jantar com todos os seus amigos, onde Ricardo não pode deixar de estar presente, embora considerasse o mesmo, uma futilidade e pura perda de tempo.
Durante toda a noite Ricardo apregoou aos presentes, que iria ser um economista famoso e enriquecer num ápice. Mudar-se –ia para uma mansão, teria três a quatro carros e os melhores costureiros ao seu dispôr.
Sofia apenas agradecia a todos o facto de estarem presentes no jantar e partilharem a sua alegria por ter entrado para a faculdade.
Mais uma vez transmitiu a sua mensagem de apreço por todos e a sua disponibilidade para aqueles que mais precisasssem do seu apoio.

Os anos de Faculdade foram velozes para ambos. Ricardo sempre preocupado com os números e o dinheiro, pouco se divertia e na verdade, poucos eram os que lhe faziam companhia.
Sofia preocupava-se em estudar, mas preocupava-se também, em viver a essência do espírito académico. Partilhava com os colegas saberes, angústias, desejos, alegrias, tudo. Estavam todos no mesmo barco e a sua união e espírito de interajuda eram fundamentais para chegarem a “bom porto”. Sempre soube que todos eram importantes, cada um com a sua missão.
Durante esses anos Ricardo e Sofia falavam-se apenas por telefone e só se encontravam nas férias. Sofia mantinha sempre o seu sorriso reconfortante e apaziguador e Ricardo a mesma expressão preocupada e insatisfeita.
No final do curso Ricardo arranjou um estágio numa empresa com forte implementação no mercado, findo o qual ficou integrado no quadro de efectivos da mesma. Sofia realizou o seu estágio numa organização sem fins lucrativos, exímia em excelência no que respeita à prestação de serviços. No final do estágio Sofia estava no mercado de trabalho à procura de emprego, mas isso não a afligiu. Continuava o seu trabalho na organização em regime de voluntariado e nas horas livres dava explicações que lhe permitiam ganhar algum dinheiro para as suas despesas, que não eram muito elevadas, pois ainda vivia com os pais.

Sempre insatisfeito e “sequioso” por dinheiro, Ricardo ia saltitando de empresa em empresa, sempre na procura de mais e mais. A sua vida era passada entre o trabalho, as lojas de marca e os melhores restaurantes. Nada mais importava a não ser o poder que sentia com dinheiro para comprar tudo o que lhe apetecia. Os “amigos” passaram a ser ocasionais conforme lhe conferiam mais ou menos estatuto. Passou a viver obcecado com o dinheiro, os pais foram envelhecendo, os amigos desaparecendo, mas nada o abalava. Assim que teve oportunidade comprou uma vivenda para onde se mudou e dos pais só tinha notícicas quando estes lhe ligavam ou quando precisava de alguma coisa deles.
Sofia só arranjou emprego 6 meses após o fim do estágio. Mais do que o vencimento que auferia, era a natureza do trabalho que fazia que a atraía na função que desempenhava. Como lhe “sobrava” sempre algum tempo ao final do dia, aproveitava-o para rever os amigos e frequentar acções de formação que contribuíssem para o seu desenvolvimento pessoal. Foi num destes cursos que conheceu uma colega que lhe falou na possibilidade de frequentar um curso de formação de formadores e tornar-se formadora em desenvolvimento pessoal, área de eleição por excelência de Sofia. Cada vez mais o trabalho significava prazer e Sofia nem sentia o tempo passar.
Finalmente adquiriu uma casa para si, um espaço em tudo semelhante a si própria. De Ricardo pouco ou nada sabia as tentativas de contacto resultavam em nada pois este nem chegava a atender os seus telefonemas.
Um dia encontrou Ricardo quando este estava numa das suas mudanças de emprego sempre “esbaforido” da incessante busca por “dinheiro/felicidade”. Estava pálido e com a tez marcada pelas rugas resultantes da sua expressão permanente de sobrolho franzido.
“Como é que estás Ricardo? Nunca atendes os meus telefonemas, estou preocupada contigo. Como é que estão os teus pais? O que é que tens feito? Vamos tomar um café e conversar um pouco.”
Ricardo limitou-se a responder contrariado:
“Olá Sofia, continuas com esse sorriso patético e parece que estás com um ar descontraído, não te preocupas em trabalhar com mais afinco para ganhares dinheiro que te permita sobreviver nesta selva em que vivemos? Eu estou à procura disso, mas parece que as empresas onde estive não apreciam os colaboradores e acabei de me despedir de mais uma, vou agora a uma entrevista para outra, preciso de trocar de carro, quero um mais potente e para isso tenho de ter mais dinheiro, custe o que custar. Os meus pais devem estar bons não sei nada deles desde há quinze dias e tomar café contigo, não tenho tempo para essas coisas.”
Quando Sofia ia para lhe dar uma resposta, já Ricardo tinha desaparecido na esquina, deixando-a perplexa e preocupada com o seu modo de vida.
Pensou: “Quando é que ele vai perceber que tem que aproveitar os momentos, o presente que engloba os amigos, a família, tudo até as oportunidades que aparecem mas que ele não vê, cego com a sua ambição e preocupação só com o futuro?”
Um dia, Sofia recebe um telefonema de Ricardo:
“Estou Sofia… como é que tu consegues?” Ricardo soluçava
“Ricardo, o que é que se passa contigo? Consigo o quê?”
“Sofia, os meus pais tiveram um acidente e faleceram, eu nesta correria louca em que andava nem gozei estes últimos anos da sua companhia, não estive presente quando eles mais precisavam, não lhes dei o carinho que eles mereciam e agora o que é que eu faço quando já não os tenho? Nem os tenho a eles, nem tenho emprego, pois há mais de dez meses que não encontro nada. O meu dinheiro está a acabar, tive que vender os carros, não sei se consigo sustentar a casa e não tenho ninguém, nem nesta hora tão difícil da minha vida. A minha vida… tu pareces sempre tão feliz. Como é que consegues, tens alguém que te dá dinheiro? Ganhas muito dinheiro? Como fazes?
“ Ricardo, onde estás? Espera por mim, estarei aí o mais rápido que puder. Não desanimes podes, aliás como sempre pudeste, contar comigo. Depois conversamos. Até já!”
Sofia assim que chegou ao pé de Ricardo abraçou-o, procurando transmitir-lhe toda a força confiança e serenidade que existiam em si. Ricardo sentiu-se como que invadido de um bem estar e plenitude jamais experienciados.
Depois do funeral dos pais de Ricardo onde apenas, para além da restante família, estavm presentes os dois, Sofia combinou com Ricardo que todas as semanas se encontrariam duas vezes ao final do dia para puderem conversar e procurar encontrar as respostas que Ricardo, finalmente, tanto queria saber.
Pouco a pouco e com as conversas que ia tendo com Sofia, Ricardo percebeu que tinha passado ao, lado da vida estes anos todos, mas que tinha nas suas mãos o poder para reverter esta situação e aproveitar o que de melhor a vida tem para lhe oferecer no presente: o respeito por si, pelos outros, a amizade, a humildade, a disponibilidade, o amor e as oportunidades de evoluir enquanto ser humano.
Passado uns anos Ricardo compreendeu que a vida lhe tinha dado uma segunda oportunidade para ser feliz e desta vez ele tinha percebido qual o melhor caminho. Estaria eternamente grato a Sofia pelo seu apoio e amizade sempre disponíveis e que durante tantos anos tinha ignorado.
Pouco a pouco foi procurando desenvolver-se como pessoa através da frequência de cursos, seminários, leituras e muita, muita partilha e troca de experiências com colegas e amigos.
Hoje, muito embora desempenhe uma função no âmbito da sua área de formação inicial, procura aproveitar os seus tempos livres para contribuir para a formação de todos os que, como ele, ainda não descobriram que a felicidade está dentro de si e o bem estar passa pela solidificação e confiança nas relações que estabelecemos e nos objectivos que traçamos.

À semelhança de outras histórias, entre elas a do Rei Midas da mitologia grega, esta procura, numa versão contemporânea, ilustrar o desequilíbrio produzido com o excesso de identificação com as coisas materiais.
Infelizmente procuramos desenfreadamente a felicidade associando-a a bens materiais, de consumo. Mais uma vez a enfase é colocada na riqueza exterior, nos bens que apresentamos e ostentamos aos outros e que procuramos que marquem a nossa posição de superioridade.
Não temos tempo, não queremos esforçar-nos muito, esta é uma posição cómoda de estar e no fim, ou conseguimos tudo o que queremos sob o plano material e pensamos que somos afortunados ou não conseguimos e vivemos uma vida de insatisfação sem nos apercebermos que estamos vivos, vitimizando-nos, lamuriando-nos e “arrastando-nos” pela vida fora, sem nos apercebermos da riqueza imensa que está ao nosso alcance “a riqueza humana”, o nosso desenvolvimento como pessoas, o nosso aperfeiçoamento humano. Valores como respeito, ajuda, partilha, amizade, sinceridade, humildade, disponibilidade não existem no nosso vocabulário ou porque não nos foram transmitidos ou porque simplesmente achamos que não tinhamos “lugar” para eles.
Ricardo cresceu numa família onde há muito estes valores não existiam, cresceu, fundamentando as suas atitudes em crenças que o afastavam da natureza do ser humano e o impeliam para uma permanente situação de guerrilha com tudo e com todos onde alguém teria de sair vencedor e dominar tudo e todos se quisesse ser feliz.
Sofia prova-nos que o amor, a amizade, a persistência, o acreditar em nós e nos outros e a vontade permanente de nos desenvolvermos como humanos que somos, são tudo o que necessitamos para alcançar a maior jóia da sociedade: A riqueza humana, a riqueza interior, a nossa riqueza como pessoas, o bem estar e a plenitude.
Quantas vezes vivemos contrariados, frustados numa luta permanente sempre em busca do que não temos ao invés de valorizarmos o que temos e sobretudo o que está mesmo ali diante de nós e não queremos ver, os outros, os amigos, a família e nós próprios, a nossa força, o poder do nosso querer no alcance dos objectivos. O tempo passa e acabamos por viver uma vida de insatisfação e contrariedade. Tão diferente e melhor seria se percebessemos e aprendessemos a valorizarmo-nos mais e a valorizar os outros, a utilizar o poder que há em nós: o nosso potencial humano!